sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Comidinha

Não se pode dizer que eu tivesse uma alimentação má antes do cancro, mas com certeza estou muito mais atenta agora ao que ingiro. Como diria o outro (Hipócrates), "que o teu remédio seja o teu alimento, e que teu alimento seja o teu remédio" e é isso que tenho tentado fazer ultimamente.

Lamento ser "preguiçosa", porque podia partilhar muito mais convosco, mas ora me esqueço de fotografar, ora me esqueço de partilhar. Muitas vezes, apenas me fico pelo prazer de saborear, se bem que há coisas que não dão assim muito prazer a comer.

Esta semana publiquei 2 fotos no meu Facebook, um almoço e um lanche e depressa me questionaram o que mais comia eu. Estará na altura de deixar de ser preguiçosa e voltar a estar mais ativa no meu blog?

O almoço: filete de cavala em azeite, com brócolos, cenoura, batata-doce, ovo e algas cozidas, com um fio de azeite e dois dentes de alho.

Destaco daqui:
A cavala: rica em omega-3 e omega-6. Contém vitaminas A, B6, B12, C, D, E e minerais. Estes incluem cálcio, ferro, magnésio, fósforo, potássio, sódio e selênio. Este peixe também contém proteínas e antioxidantes Coenzima Q10 (esta é particularmente útil para ajudar a eliminar agentes cancerígenos).
Estas comprei no Continente, em conserva de azeite. São baratinhas e muito saborosas.
Os brócolos: é considerado um alimento anti-cancerígeno, rico em vitaminas B2, B3, B5 e C, betacaroteno, ferro e magnésio.
As algas: ajudam a restabelecer as reservas de ferro e são óptimas fontes dos principais minerais (o ferro, o potássio, o cálcio, o cobre, o magnésio e o zinco).Podem atuar contra a mutação de certas células cancerígenas. Compram-se secas em qualquer supermercado, é só demolhar e cozinhar.
O alho: tirando o hálito que pode provocar, é uma espécie de multi-maravilhas. a nível de doenças cardiovasculares. Tem também uma ação anti-cancerígena, estimula o sistema imunitário e inibe a formação de compostos cancerígenos formados durante a digestão.
Acho que podemos perdoar o inconveniente do mau hálito, certo?
 
Estando maioritariamente por casa, é fácil poder variar nos lanches. Na minha dieta atual, abdiquei quase totalmente dos laticínios (animais, hormonas, cancro de mama), apenas como iogurtes de vez em quando e queijo ocasionalmente. E iogurtes magros...de todas as fontes que consultei, aconselham a usar as versões magras, porque a absorção da gordura facilita a absorção de outras coisas menos boas no leite.

O lanche: iogurte e morangos da minha horta, com sementes de centeio, de cânhamo e linhaça, terminando com lascas de côco.


Daqui destaco:
Os morangos: diretamente dos morangueiros da horta para a taça, sem uso de fertilizantes ou pesticidas. Alguns trazem "carne", mas se os bichinhos gostam deles, eu também gosto. Têm propriedades bactericidas e desinfetantes e uma ação anticoagulante e anti-inflamatória (lembram-se do meu tipo de cancro??)
As sementes de cânhamo:  entre outros benefícios, dão suporte ao sistema imunitário,  auxiliam a recuperação rápida de doenças e de lesões, baixam o colesterol e pressão sanguínea, reduzem as inflamações, melhoram a circulação e apoiam a regulação dos níveis de açúcar no sangue. E não, são só sementes semi-descascadas...não dá para outros fins!
A linhaça: entre outras propriedades, destaco que alguns estudos evidenciam a ação antitumoral da linhaça.Neste caso, juntei ao iogurte uma colher de sopa de linhaça moída, que é suficiente para a quantidade do ácido alfalinolênico que precisamos diariamente.

Sem quaisquer demagogias, esta tem sido a minha lógica de alimentação. Não levo nada aos extremos, tenho as minhas "escapadinhas" de vez em quando. Só evito as escapadinhas no que concerne aos açucares refinados. Esses sim, considerados um poderoso aliado das células tumorais.E eu não quero ajudar essas desreguladas. Tenho é de ajudar o sistema imunitário a se restabelecer e a arranjar armas para as combater eficazmente.

Estou a escrever acerca da minha alimentação numa lógica de "oversimplification", por isso perdoem-me os químicos, nutricionistas e os mais entendidos nestas coisas :)

Bjinho e obrigada por acompanharem.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O coração :)

Calma, o meu coração está bom, confirmado pelo cardiologista na passada quinta-feira.
Desde que disse que ia fazer os exames, não mais voltei cá para dar notícias. Sorry, o entusiasmo e um fim de semana agitado foram os responsáveis.

O resto dos exames também não detectaram nada de anormal, ainda que sejam somente ecografias (a minha descrença nas ecos é minimamente fundamentada). O valor tumoral mantém-se baixinho e saí mais descansada do Hospital na quinta-feira. Ainda não bem, bem descansada, porque isso também acho que nunca mais ficarei.

Mas num outro post aprofundarei isso. Hoje quero-vos falar do coração. Não do meu, mas deste que segue na imagem. Pois bem, ela casou, teve um dia lindo e correu tudo muito bem, com família e amigos a adorar fazer parte deste dia na vida dela. Mas mesmo com toda a agitação do casamento, ela não se esqueceu de mim e de todas as mulheres que sofrem com cancro de mama.

Ao lado do bolo da noiva, deliciosamente decorado com os legos, um coração de pequenos laços cor-de-rosa.
Simplesmente, obrigada.
Bjinho

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Atualização

Ontem foi dia de tratamento e consulta com o meu oncologista e dermatologista. O little brother acompanhou-me nesta viagem e, cá entre nós, acho que também ficou fã do Dr. Leal da Silva e da minha querida enfermeira Maria José.

O tratamento correu bem, o dermatologista disse que agora é só tratar a pele "danificada" com creme hidratante e, o melhor dos melhores, o meu oncologista acha que eu estou com um ótimo aspeto. Acha, no entanto, que o "sistema" ainda não está pronto para um regresso total à normalidade. Preciso de recuperar forças, sistema imunitário, capacidade de concentração e a memória...pareço a Dori (a do Nemo).

Fiz análises ao sangue, por um lado para poder fazer o tratamento, por outro para avaliarmos o marcador tumoral (CA 15.3).  Esta análise ao marcador não deve ser usada para rastreio ou diagnóstico do cancro da mama, mas sim para monitorização do tratamento e detecção de recidiva.O meu CA 15.3 era elevadíssmo quando cheguei ao Arrábida. Os últimos valores do marcador eram bons. Espero que esteja igual ou próximo. Podem ir variando claro, como por exemplo o indíce de glicose no sangue, mas há uma margem de segurança que eu VOU respeitar.

Devagar, devagarinho chegaremos lá.

Quanto ao bicho, como as aparências podem desiludir e o cuidado tem de ser redobrado quando se lida com cancros, vamos fazer um check-up básico para já. Ainda é cedo (=pouco recomendado) para fazer exames com radiação, por isso amanhã vou passar o dia no Arrábida a fazer ecografias a inúmeras partes  e a fazer uma limpeza às dentuças. Andei este tempo todo sem poder ir ao dentista. Se tive carta verde para ir de "férias", também já tenho para ir ao dentista :) 
 
Obrigada a quem me acompanha e um obrigada especial pelo carinho a quem esteve comigo na segunda à tarde, numa mesa do Continente (haverá sítios mais agradáveis...). Gosto sempre muito de estar convosco. É um prazer conhecer-vos e ver a vossa família a crescer. 

Bjinho

PS1 - Looking great or what?
Que beleza de cabelinho à escovinha:)


PS2 - Fui chamada a uma junta médica, a minha segunda :)
Depois de chegar do Porto, dei ares da minha graça na junta médica e "passei".
É uma formalidade tão inútil, como a de os doentes oncológicos terem de renovar a baixa TODOS os meses no centro de saúde. E no meu caso, como ex-bolseira, o esforço ainda me parece maior, pela recompensa que "oferecem".



segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Livros e livrinhos

Comprei hoje mais um livro acerca do cancro, neste caso mais especificamente sobre nutrição e cancro (mais livros, diz o Nuno...). De facto, aquilo que comemos pode influenciar o destino de uma célula aparvalhada que decida sobreviver no nosso organismo.



Com acesso a cada vez mais e melhor informação, cabe-nos a nós atuar e modificar pequenos hábitos. Ingiram menos açucar, menos comidas processadas, menos aditivos e conservantes. Tudo isso altera o nosso equilíbrio, provoca um "desgoverno" interno...e para desgoverno já nos basta o nosso país :)

Tenho andado bem, depois da floculite. Ter saído de casa uns dias com a famelga fez-me bem à cabeça. Há dias em que tudo nos faz lembrar cancro. Parece que a própria casa transpira cancro, por isso fez-nos bem sair, estar uns dias fora e eles aproveitaram bem a piscina e praia quentinha (sem o nosso vento).

A viagem fez-se por fases, porque fico muito cansada, mas nada que uma paragem na capital não tenha ajudado a tolerar. Aproveitei para ler muito. Finalmente peguei nos livros que a minha vizinha simpaticamente me trouxe para variar o estilo e os autores. Para já, Fernanda, o teu gosto literário está aprovado :)

Amanhã há novo tratamento de imunoterapia durante a manhã e à tarde consulta de dermatologia para ver a pele. Estou meia "sarapintada" com as manchas que as borbulhas deixaram, mas nada de muito feio ou melhor, nada que me consiga desviar da trajetória.

O que me poderá hoje tirar o sono?
Saber que amanhã terei "aquela" conversa com o meu querido oncologista acerca da avaliação do estado atual e plano de seguimento, bem como acerca do regresso à suposta normalidade.

Wish me luck :)
Bjinho

PS. No sábado libertei muitas hormonas felizes num certo evento. Como é bom ver os nossos amigos felizes :)

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Pica

Daqui a umas horas, mais uma pica, a minha segunda Zoladex e desta vez com menos apreensão, da minha parte e das enfermeiras. Ao que parece, é raro administrarem este tipo de coisas aqui no centro de saúde. Ainda bem que assim o é, pois é sinal que o SNS funciona para a maioria das pessoas com cancro e estas coisas são administradas nos IPO's e afins.

Há um mês atrás, eram 3 as enfermeiras à minha espera para administrar a dita cuja. Supostamente poderia ser preciso segurarem-me...ou pela mera curiosidade de verem a novidade. Depois de tudo o que já passei, não seria uma mísera agulha a assustar-me, pensei eu. Quando vi a agulha, quase me arrependi de ter dito que não era preciso agarrar-me...ehehehehe


É uma "senhora seringa" para injeção subcutânea abdominal (meninas, guardar sempre um pneuzinho na barriga, pode dar jeito um dia) previamente carregada com um implante, que vai libertando o acetato de gosserrelina por um período de 30 dias.

Como ainda sou uma jovem, o meu sistema hormonal ainda é uma ameaça. Como tal, este medicamento vai ajudar-me a controlar especificamente algumas hormonas, a impedir que o bicho se alimente, uma vez que ele era hormono-receptor.

De resto, a minha foliculite está a melhorar e não recomendo a ninguém!

Bjinho

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Foliculite

Ora pois, foliculite...uma infeção bacteriana sob a pele. Era mesmo disto que eu estava a precisar J

A radioterapia conseguiu deitar-me quase por terra. Sistema imunitário, valores do hemograma, energia….tudo ficou em “low battery” e como tal, alguma bactériazinha intrometida resolveu meter-se comigo e teve sorte. Pensava eu que ia recuperar energias em setembro, para poder começar a pensar retomar a minha vida e zumba...é para aprender a respeitar o ritmo do corpo, e não as vontades da mente.

Na semana passada, começaram a aparecer umas borbulhas na barriga, logo abaixo da zona irradiada. Pensava eu que era uma consequência da tareia que a pele do peito levou, mas as teimosas começaram a espalhar-se pelo corpo, ainda que se mantivessem bem concentradas na barriga, especialmente no lado direito, mesmo no alinhamento da zona da radio.

Não dei grande importância às ditas cujas, até que esta segunda-feira a comichão quase me levou à loucura. Contactei o meu oncologista, que descartou quase de imediato o facto de poder ser consequência da radioterapia ou do Herceptin. Como ia ontem ao radiologista mostrar a pele, combinámos que ele veria a pele e daria a sua opinião. A opinião foi a mesma. É algo estranho, infectado, mas não derivado da radio ou anti-corpo. Claro que de lá segui para o oncologista, que me recomendou ser vista por um dermatologista. 

O Dr. Leal não foi embora sem  me arranjar uma vaga logo para o início da tarde e sem falar pessoalmente com o dermatologista. Cada vez mais admiro e respeito este meu médico.


Resumindo, é supostamente uma foliculite herpética (coisa linda) e posso ter apanhado isto em qualquer lado, de qualquer pessoa ou mesmo sozinha. Iniciei antibiótico e tratamento de pele já ontem. Claro que depois de tudo o que já passou, isto são "peanuts", mas uns "peanuts" muito chatos e irritantes J